A Cia Dançurbana, grupo de dança sul-mato-grossense, foi contemplada pelo edital emergencial ´Arte como Respiro´ do Itaú Cultural. O grupo, que foi o único contemplado do estado, foi selecionado com o espetáculo ´Poracê: o outro de nós´ e terá esse trabalho exibido em um canal da instituição.
“Para nós a conquista deste edital é realmente um ´respiro´, um incentivo para podermos continuar nosso trabalho. Estamos há quase dois meses parados e temos enfrentado muitas dificuldades. A conquista deste edital, além de nos auxiliar neste momento, também nos sinaliza que estamos no caminho certo, que temos produzido projetos e espetáculos interessantes, dialogando com as propostas de instituições que são importantes e representativas para os artistas do nosso país”, diz Marcos Mattos, diretor da Cia Dançurbana.
Espetáculo aprovado no edital
No Edital ´Arte como Respiro´ do Itaú Cultural, a Cia Dançurbana inscreveu o espetáculo ´Poracê: o outro de nós´ no eixo ´Espetáculo Cênico´ (dança, teatro ou circo), em que poderiam ser inscritos trabalhos produzidos e gravados em material audiovisual antes deste período de isolamento social. Futuramente, o vídeo do espetáculo será transmitido em um canal do Itaú Cultural. Segundo informações do site da entidade, o edital recebeu 7.239 inscrições e contemplou 200 propostas. Na categoria em que o grupo local foi contemplado foram 42 trabalhos selecionados.
´Poracê: o outro de nós´ nasceu do propósito de criar um espetáculo que abordasse aspectos da cultura local. A companhia conseguiu criar e circular com apresentações deste trabalho por meio do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015 e do Prêmio Célio Adolfo de Incentivo à Dança 2016. Do Nheengatu, a palavra Poracê significa dança indígena de celebração ou baile, arrasta-pé. É um espetáculo sobre a força do conjunto, uma celebração de estar em comunidade e dos laços com o território.
Em cena, experimentando corpos e sons imaginados, os intérpretes propõem formas diversas de ser e estar no mundo. Provocados por três coreógrafos com experiências distintas (Marcos Mattos, da Cia Dançurbana e, Renata Leoni e Franciella Cavalheri, do Conectivo Corpomancia), os seis intérpretes-criadores, também diferentes entre si, investigam suas identidades, nomes, origens e relações com o lugar onde vivemos: Mato Grosso do Sul.
Para inscrever este trabalho no edital, a companhia convidou a jornalista Camila Lopes Emboava (autora do texto do programa do espetáculo) para fazer uma resenha do trabalho, correlacionando aspectos abordados na criação, como o pertencimento a uma comunidade, com as condições de isolamento em que os artistas estão vivendo atualmente.
18 anos de Cia Dançurbana
Com 13 espetáculos em seu repertório, hoje a companhia é uma das mais atuantes em MS; já se apresentou diversas vezes em Campo Grande, em cidades do interior do Estado e pelo Brasil, por meio de projetos como o SESC Amazônia das Artes (2012) e o Palco Giratório (2014). Com 10 integrantes, antes da pandemia, o grupo se mantinha por meio de projetos culturais aprovados em Editais Públicos e Privados; por meio do projeto “Dançurbana em Casa – Ciclo de Atividades Culturais”, no qual oferecia aulas de diferentes estilos de dança e; com a “Temporada Quanto Custa”, em que apresentava espetáculos de seu repertório para o grande público na Casa de Ensaio, onde o grupo tem sua sede, em parceria com a entidade.
Com o atual cenário da pandemia, sem poder dar continuidade as atividades presenciais, o grupo tem focado suas ações em projetos para editais emergenciais. “Historicamente os artistas precisam lutar muito para conquistar tudo que conquistam. Infelizmente as políticas públicas no país são escassas, os projetos e os programas também, então temos dificuldade em ver o desenvolvimento, a continuidade de projetos e de companhias em todo território brasileiro. Nós, por exemplo, estamos há 18 anos criando, produzindo, apresentando, formando bailarinos e público, lutando, resistindo. Um edital como esse, do Itaú Cultural, é extremamente importante e está ajudando muitas companhias e artistas como nós. Essa troca entre as companhias/artistas e as instituições é mútua, um país culturalmente envolvido, artisticamente envolvido, é um país rico”, finaliza Marcos.
Mais informações sobre a Cia Dançurbana em www.dancurbana.com.br/
Texto: Isabela Ferreira / Reconta Conteúdo
Foto: Franciella Cavalheri