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Fora da Curva: A Vida Gay

Atualizado: 31 de jan. de 2022

Contexto: Sentam-se em um bar três gays para tomar cerveja e falar as angústias da semana, como se fosse um episódio de Sex and The City gay.


Ser gay é bom porque é um universo peculiar onde é permitido dizer quase tudo, afinal, ser gay é sinônimo de ser oprimido, e estar entre iguais é estar se sentindo autorizado a dizer tudo que não se pode dizer entre os outros. Existem os gays e existem os outros.

Nesta noite estávamos entre iguais e contar os causos da semana é um evento.

Acontece que o evento desta quinta-feira girou em torno de uma agonia específica de inseguranças e paranoias geradas por uma relação à distância.


Não vou expor meu amigo e contar as intimidades dele, mas a fofoca girou em torno de um trecho: em um determinado momento, ele relatou o fato do ficante/namorado (?) ser “enrustido” e, que são 29 anos se escondendo e deixando de viver.


Nesse momento me passou pela cabeça o tempo que o autor dessas afirmações também havia ficado “no armário”, em seguida olhei para o outro ouvinte da mesa e tentei resgatar se existia essa informação no meu arquivo sobre ele, e lembrei: eram anos consideráveis. E logo comecei a pensar em mim, quantos anos perdi deixando de ser, deixando de estar e existir, vivendo personagens que seriam aceitos socialmente, acreditando que era sujo, pecador, etc.


Apesar de entender todo esse processo, saber o que me predica e o que é excessivo e aquilo que não deve me afetar, existe uma sensação de inferioridade que não desaparece no momento em que aceitamos nossa sexualidade, até porque sabidamente a maioria não esconde o asco e a vergonha que tem dos LGBTQIA+.


A questão é: quanta vida é tomada de nós, quanto deixamos de viver apenas por opressão gerada pela incapacidade de lidarem com o “diferente”, do medo que se tem de nós, que somos “diferentes” deles, eles, que já nascem com um roteiro pronto de como viver, todo estruturado em uma moral que se impôs pela religião e o consenso que chegaram e, se apoiam nisso para justificar as limitações que tem em conviver com o diferente.


Atribuo também essa culpa à religião, que é opressora e venenosa, que se justifica e se apoia em um bem maior para violentamente ditar regras morais, eliminando a vida de pessoas em vida, que se violentam para se adaptar ao que é dito como “correto”, “bom”.

Só mais uma fofoca/provocação:


Já namorei um líder religioso de religião ultraconservadora que nunca “saiu do armário” e decidiu se trancar nele porque acha mais seguro lá dentro. Hoje é nitidamente uma pessoa com uma coleção de somatizações.


Miguel Machado*

*nome fictício

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Patrick Da Silva
Patrick Da Silva
26 ene 2022

As relações são complexas e extremamente cansativas quando atribuímos relevância desses outros em nossas vidas, mesmo assim é o fulgor de uma mesa de bar que permite o introspectivo criar paixões, elucubrações e a magoar sem a intenção (na minha inocência ou no meu mau caráter), isto é, em matéria subjulgamos o que distante refletimos. Mesmo inclinado a considerar que as relações são mais reais (para não dizer: verdadeiras) quando estamos numa mesa com seres diferentes de nós, custo a aceitar, mas reconheço a importância de estarmos juntos aos nossos semelhantes em momentos como esse, quer dizer, falar abertamente sem a condenação popular, além de fortalecer os vínculos, nutri nossos sistemas (respiratório, nervoso, cardiovascular, etc.) permitindo continuar sua reações fisiológica…

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