Moro longe dos meus pais há mais de 7 anos e já me adaptei à distância. Desde quando a Lívia nasceu acostumamos a aproveitar os feriados para matar a saudade, viajamos para Campo Grande ou eles vêm para o Paraná.
Quando começou a pandemia acreditávamos, lá no fundo, que isso duraria só uma quarentena, os 40 dias e que logo estaríamos juntos. Veio o primeiro feriado e nada. Nesse ano, que teríamos muitos encontros, precisamos nos adaptar. E foi aí que a saudade começou a apertar mais do que nunca. Agora não existia uma data definida para o reencontro, não existia uma previsão.
Enquanto os dias passavam precisei lidar com uma menininha que acordava e dormia pedindo pelos avós. As ligações por vídeo via WhatsApp ficaram ainda mais frequentes. Os últimos aniversários foram comemorados com ligações por vídeo em uma tentativa de amenizar a saudade.
Mas a saudade é um bichinho traiçoeiro e que não se contenta com pouco: as ligações por vídeo começaram a não fazer mais efeito do lado de cá, no lugar de acalmar a Lívia terminávamos com ela chorando e sentindo mais saudade dos avós.
Do lado de lá, os avós com saudade de abraçar a neta. Essa pandemia nos mostrou como o abraço e o contato físico são importantes, como o mundo virtual não substitui a realidade. Como a saudade pode ser sufocante!
Para alguns a saudade não irá acabar quando tudo isso passar porque perderam pessoas queridas nessa situação. Eu, por enquanto, fico esperando tudo acalmar para poder visitar os meus pais e conseguir, enfim, abraçá-los.
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