Eu aceito e abraço meu sofrimento, para que ele possa passar por mim sem retaliações ou resistência, porque me neguei a vida toda a sentir o sofrimento, numa busca tortuosa e exaustiva pela felicidade, até descobrir que ela é apenas mais um ideal, “e como todo ideal: inatingível e inalcançável[1]”.
Quando aceitei permitir sentir o sofrimento, não fui conformista, pelo contrário, soa bem mais inteligente não negar aquilo que não nos pertence, mas somos pertencidos. A dor também é afirmação da vida, em oposição aquilo que é apático, não há um dia em que não se sinta uma dor, seja leve ou grave.
Sinto como se a aceitação do sofrimento na minha vida permitisse mastigar a realidade e alcançar alguma maturidade, se é que ela existe.
Ainda que não exista, ao menos não haverá mais desamparo, já sei o quê e como. Se eu disser que estou a sofrer, não se entristeça por mim, abraça-me e me aceite, porque após passar por ele, ou ele passar por mim, estarei um passo mais distante do desamparo.
Por: Rodrigo Perini
@perinisses
[1] Mosé, Viviane. Café Filosófico, especial Nietzsche. Youtube, 23/03/2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0sZXdZrT5bc>
Comments