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Todas nós já fomos Carlas

Quem nunca assistiu aquela comédia romântica antiga “Ele não está tão afim de

você” que atire a primeira pedra. E quem nunca foi uma romântica incurável

(nem que seja por 10 minutos) e correu atrás de um relacionamento sem

futuro, que atire a pedra no boy!


Brincadeiras à parte, eu confesso que me segurei ao máximo para não trazer a

temática do BBB para esse espaço. Tem tanta gente falando disso por aí, que o

objetivo era me ater em minhas ideias um tanto malucas – às vezes -, e minha

vida na cidade de concreto. Mas a verdade é que não me aguentei.


O Twitter já vinha ensandecido com o relacionamento da Carla Diaz (nossa

eterna Chiquitita) e o crossfiteiro Arthur há algumas semanas. Confesso que eu

olho para aqueles dois, com o mesmo tesão em que eu assisto o filme ‘Meu

Primeiro Amor’. Porém, essa semana, as redes sociais surtaram com duas cenas

muito tristes de serem assistidas:


1) Carla fazendo um pedido formal de relacionamento para Arthur, que

responde com um cínico: “partiu”

2) Carla abraçando o boy embrulhado em uma coberta, sofrendo pela saída

do seu parceiro Projota sem qualquer contato físico com a crush.


Tenho ouvido/lido coisas horrorosas sobre a menina, mas a pergunta que eu

faço é: você realmente nunca fez papel de trouxa? O cara sempre te mandou

mensagem no dia seguinte? Ele nunca respondeu suas mensagens com textos

‘secos’ e objetivos? Ou disse para você não o chamar de ‘meu bem’ e tu

continuou correndo atrás dele?


Isso nunca aconteceu com nenhuma das pessoas que estão lendo esse texto, é

isso mesmo Alecrins Dourados?


A verdade é que ninguém sai ileso de um relacionamento, seja ele de qualquer

tipo. Mas tem alguns que são ainda mais fáceis de perceber e decidir, de

antemão, se você cai fora ou bate a cabeça na porta de vidro com força.


Por exemplo: tem os homens ghosting, aqueles que somem do nada quando as

coisas estão parecendo estarem bem; tem os ‘amigo do whatsapp’, que elogia

sua foto, te dá bom dia, mas fica ali mesmo, onde está, sem fazer nada além de

ter alguém para mandar uma mensagem quando ele parece estar entediado;

tem os ‘caras de pau’, que investem zero em você, não te chamam para tomar

uma cerveja sequer, tampouco faz questão de trocar muito ideia, mas uma hora

ou outra convida para casa dele; tem uns que andam chamando por aí de

smalltalker, que significa conversa fiada. Aquele famoso ‘como tá o tempo por

aí’, ‘tá fazendo o que linda’ só para garantir que você sempre esteja pelas

proximidades.


Desses a gente está realmente acostumada. Lida bem, sabe qual vai ser a

próxima fase e decide se deixa levar ou não.


Mas tem aqueles que gastam uma energia absurda em levar adiante os seus

vários dates (sem que ambas as partes saibam disso, diga-se de passagem), com

a mesma intensidade, porque não consegue/quer ficar sozinho e precisa ocupar

o espaço de sua mente com a gente. Uma amiga minha, não muito tempo atrás,

foi cortada do rolê porque o cara disse que saía com ela e mais 6 e não estava

dando conta. Esses aí a gente nem consegue nomear…


O que eu quero dizer, com todas essas nomenclaturas difíceis, é que a gente sim

já fez muito papel de trouxa por aí. Tem umas que aprenderam, se fecharam, e

já não acreditam em uma palavra do que o cara fala. Criaram armaduras contra

as pessoas e não dá um passo sequer em qualquer tipo de relacionamento que

possa ter mais do que um palmo de profundidade. Todas essas barreiras para

não deixarem que mais alguém machuque seu coraçãozinho.


Mas confesso que tudo isso me confunde.


A gente não vive criticando as pessoas que respondem mensagens com ‘ok’, ou

‘tá certo’. A pessoa que precisa dar um gelo para segurar um pouco o

relacionamento que está indo longe demais? A gente não critica os homens-

fantasmas, que somem do nada? O engraçado é que a gente acaba sendo essas

mesmas pessoas quando também estamos com medo. Para se proteger, a gente

entra em um ciclo tóxico e de eterno joguinho que quase sempre vai dar errado.


Falei tudo isso porque eu acredito muito na transparência dos relacionamentos.

Tudo se encaixaria absolutamente melhor se as pessoas fossem sinceras. Com

elas e com o próximo. Deixar claro exatamente onde o rolê está não faz mal a

ninguém.


Quem me conhece sabe o quanto eu procuro não apontar o dedo para as

pessoas, mas voltando ao caso CARLA/ARTHUR, é preciso sim que a gente

responsabilize e cobre minimamente o ser-humano por maior discernimento do

que quer/ou não, no relacionamento.


É preciso que sejamos responsáveis para não gerar um sentimento

no outro, se você não tem a intenção de vivê-lo. Ou se você não

tem certeza de que vai conseguir lidar.


Essa deveria ser a base de qualquer tipo de relacionamento: entre

amigos, amores e até de trabalho…


Então Arthurs, nós já fomos Carlas sim. Mas não reclamem quando

também formos Arthurs. Sejamos sinceros com a gente mesmo e

com o próximo, por favor. Obrigada.

________


Vou aproveitar a minha onda tia-chata e deixar aqui um vídeo maravilhoso do

Diego Queiroz (também tem o livro) que ele explica, bem melhor do que eu, o

que eu estou sentindo sobre esse assunto.


Vale a pena assistir, sério!


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