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Tronco de árvore no Centro de Campo Grande dá vida a Bugrinho pelas mãos do artista Mariano Neto

Quem passou pela esquina da avenida Calógeras com a rua 15 de Novembro teve uma grata surpresa: as pessoas puderam acompanhar o artista Mariano Antunes Cabral Silva, neto da Conceição dos Bugres, confeccionar ao vivo um bugrinho em um toco, um pedaço de madeira natural que se encontra nesta esquina.


O coordenador do Arquivo Público Estadual (unidade da Fundação de Cultura de MS), Douglas Alves da Silva, entrou em contato com a Sectur e a Semadur para autorização para esculpir no pedaço de madeira que era um toco de uma árvore na esquina da Calógeras com a 15 de Novembro e quando descobriu-se que não haveria nenhum impedimento, o artista Mariano não se conteve de tanta alegria, “quando fiquei sabendo que a Prefeitura autorizou, nem consegui dormir direito louco para chegar logo a hora de fazer o bugrinho”.



A ideia surgiu a partir de um passeio que ele fez com sua mãe, a também artista Sotera Sanches da Silva, que passando pelo centro da cidade, observou um pedaço de toco de árvore que daria um excelente bugrinho: “Semana passada nós viemos aqui e na mesma hora pensamos em fazer um bugrinho neste toco. Aí o Douglas foi atrás para viabilizar para a gente fazer. Muita gente não conhece os bugrinhos e o nosso objetivo é as pessoas conhecerem”.


Amanda de Paula, que trabalha na banca de capinhas de celular que fica ao lado de onde Mariano estava esculpindo o bugrinho, não conhecia esta obra de arte. “Eu estou aqui em Campo Grande há um bom tempo, esta banca existe há sete meses, e nunca tinha visto um artista esculpir ao vivo, e não conhecia os bugrinhos nem o Mariano Neto. O fato de este bugrinho ficar aqui agora pode fazer com que esta esquina vire um ponto turístico, vai chamar bastante a atenção das pessoas, porque aqui é um ponto de muita circulação”, diz Amanda.


Douglas Alves da Silva, que foi quem obteve a autorização da Sectur e Semadur, afirmou que o bugrinho ali naquela região vai dar visibilidade à arte do Mariano para a população. “Aqui está perto da Casa do Artesão, onde podem ser adquiridos os bugrinhos, então o próprio turista que passar por aqui vai poder conhecer mais do trabalho do artista, porque aqui é próximo do Mercadão, um local de passeio de turistas”.


A gerente de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Katienka Klain, afirmou ser importante esta ação porque dá acesso à população à arte do bugrinho. “Este bugrinho aqui nesta esquina vai dar acesso à arte popular dos bugrinhos para as pessoas. A gente pensa também no viés econômico, a pessoa que quiser saber mais vai poder saber onde encontrar os bugrinhos para adquirir. Esta ação torna a arte mais acessível às pessoas”.


Mariano aprendeu a fazer os bugrinhos desde os oito anos. Hoje, com 56 anos, é o único continuador da arte de Conceição dos Bugres. “É a primeira vez que estou esculpindo um bugrinho ao vivo com as pessoas olhando. Aqui, não vou poder encerar, por causa do sol, vou apenas pintar. Minha vó me falava: ‘Mariano, eu estou já de idade, você vai me olhando trabalhar, a hora que eu me for você vai ter que continuar isso daí’.”


“Eu ia sempre na casa da minha avó para aprender. Passava lá e acabava pousando por lá. Hoje tenho os bugrinhos na Casa do Artesão. Os preços variam de 50 a 300 reais, dependendo do tamanho. Também aceito encomendas e muitos dos bugrinhos que fiz estão espalhados pelo mundo”, finaliza Mariano, orgulhoso.


Fotos: Daniel Reino

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