Eu tinha pensado em outro texto para a coluna, mas, na última noite, tive um pesadelo. Começou como um sonho normal, uma birra da minha filha (após um dia de caos por aqui), em algum momento ela começava a chorar, o sangue começava a sair do nariz e, foi aí, que o sonho tornou-se pesadelo: ela se engasgava e, de repente, só conseguia ver minha filha ficando roxa e sem ar.
Acordei, antes que o pior acontecesse e o pesadelo ficasse ainda mais agoniante. Acordei pensando em duas coisas. Primeiro, preciso aprender a manobra para engasgos para crianças maiores. Segundo, preciso fazer os dias, durante essa quarentena, ficarem mais leves dentro de casa.
Ontem foi um dia daqueles em casa, em que as birras aconteceram com frequência seguidas de choros escandalosos, aquele que entra na alma. Para quem não tem filho: imagine aquela birra que você já viu em um shopping, quando a criança chora pedindo por algum brinquedo. Então, foi disso para pior. Eu e meu esposo fomos ao mercado e deixamos a Livia na casa dos avós, ela veio da casa deles até a nossa casa gritando e chorando no carro. Cheguei em casa extremamente irritada que a coloquei para dormir sozinha, eu sempre deito com ela e espero ela pegar no sono, mas ontem não consegui.
Mas aí veio esse pesadelo, talvez um alerta. E se algo mais grave acontecesse e eu tivesse ido dormir assim, brava com ela? Será que não estou exigindo demais de uma criança de apenas 3 anos, no auge das descobertas da sua personalidade? Às vezes esquecemos o quanto está difícil para as crianças durante essa pandemia, de uma hora para outra foram tiradas do seu convívio com outras pessoas, trancadas dentro de casa e tendo que lidar com adultos que tem tempo para tudo, menos para elas. Se está difícil para nós , imagine para eles que não entendem o que está acontecendo.
Acordei decidida a usar o lema “um dia da cada vez”. Aproveitar os momentos bons, as conquistas, as descobertas, as vitórias de cada dia. Aprender com as dificuldades, com as birras, com os tropeços de cada dia. Entender que ,por mais que, hoje tenha sido difícil, amanhã será melhor. Que por mais que hoje tenha sido fantasticamente bom, amanhã pode não ser. Entender que nem sempre as coisas saem como planejado e a aproveitar o que vier pela frente nas próximas 24 horas. Porque é isso que a gente precisa: um dia de cada vez.
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