Dia desses estava conversando com minha psicóloga. Inclusive, quem não faz isso, aconselho que faça. Ninguém está ileso psicologicamente nos tempos que estamos vivendo.
O assunto era sobre a descoberta do lúpus em minha vida e como as datas mexem comigo. Como maio poderia ser um mês pesado, pois sempre lembro da primeira internação, perrengues, tristezas e minha mudança de vida.
São onze anos nesse ciclo. Onze anos que luto para gostar do mês das mães, do mês de aniversário do meu melhor amigo e de pessoas que amo, de vitórias e histórias vividas. Mas sempre era marcado pela nostalgia do ano de 2010.
Porém, quero comemorar vários aniversários especiais, conversar noites afora com pessoas que amo, saltar mais uma vez de paraquedas, ver meus afilhados crescerem e me tornar uma escritora conhecida. Optei em viver, sonhar e admirar a vista por outro ângulo.
A conversa era sobre isso. Em como eu enxergava o acontecimento apenas por um lado. Pela mudança radical em minha vida. Pelas perdas e escolhas difíceis que tive que fazer.
Então, ela abriu as cortinas e disse algo que me fez refletir muito: você passou a odiar sua vida. Aquilo foi um soco no estômago. Não aceitei. Depois analisei e ela tinha razão, maravilhosa diga-se de passagem.
Eu não sabia que “odiava”. Apenas sabia que não gostava do mês. Só isso. Então pude entender que existem escolhas na hora de enxergar um fato e, podemos ressignificar tudo.
Em maio de 2010 quando fiquei doente, perdi meus cabelos, perdi os movimentos das pernas, fiquei em repouso absoluto, tive parada cardiorrespiratória, embolia pulmonar e um bando de coisas e ganhei uma nova vida.
Aquela menina que escrevia cartas e começou a escrever um livro na UTI - Unidade de Terapia Intensiva, que tomou banho leito, usou fraldas e chorou baixinho com medo, aquela menina ganhou uma nova chance, uma página em branco para reiniciar.
Hoje consigo entender que se eu não tivesse passado por tudo o que já aconteceu nos últimos anos, não seria a mulher que sou. Nossas batalhas nos transformam. Nossas lutas nos fazem mais fortes.
Entendi que não preciso odiar minha vida ou maio. A verdade é que eu preciso comemorar por estar viva, mesmo com alguns perrengues na saúde, vivo minha vida intensamente tudo o que me proponho. Então, ressignifiquei: maio é um mês de comemoração e não tristeza.
E você, o que precisa ressignificar?
Comments